Inocência

Inocência


Um dia eu pensei
que as estrelas fossem embora
quando amanhecia,
que o sol se apagava
quando acabava o dia,
que as flores de casa entendiam
as histórias que eu contava.
Acreditava ser verdade
tudo aquilo que eu sonhava,
e tinha medo das coisas
que não gostava de sonhar.
Pensei que viveriam para sempre
as pessoas que eu amava,
que os problemas fossem
só aqueles tombos na calçada,
e que o futuro fosse coisa demorada.
Acreditei em monstros e tesouros.
Achava os lugares seguros
e os adultos, confiáveis.
Os risos eram barulhentos
e as brincadeiras, incansáveis.
Os olhos sorriam
e os sorrisos brilhavam.
Os sonhos eram muitos
e a alegria, sem fim.
Gosto muito
de lembrar dessa criança...
e sei que hoje
ela ainda vive em mim.


Roberta Marcon
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